CDB

TÍTULO DA OBRA:
Gota D’água

ANO DE PRODUÇÃO:
1975

TEXTO:
Paulo Pontes e Chico Buarque

DIREÇÃO:
Gianni Ratto

ARQUIVO CADASTRADO:
5 de janeiro de 2024

ARQUIVO ATUALIZADO:
7 de janeiro de 2024

Gota D’água

(1975)

Em um conjunto habitacional (Vila do Meio-dia) do subúrbio carioca, Joana (Bibi Ferreira) é uma mulher de quarenta e quatro anos e com dois filhos, ela é abandonada por seu infiel parceiro Jasão (Roberto Bonfim), 14 anos mais novo, para se casar com Alma (Beth Mendes), filha do poderoso Creonte (Oswaldo Loureiro). Enquanto os demais moradores do conjunto debatem com as prestações a pagar e a correção monetária, Joana é consumida pela dor da separação e o desejo de vingança.

PERSONALIDADE PERSONAGEM
Angelito Melo Galego
Beth Mendes Alma
Bibi Ferreira Joana
Carlos Leite Cacetão
Cidinha Milan Alma
Francismo Milani Jasão
Geraldo Rosas Xulé
Isaac Bardavi Amorim
Isolda Cresta Nenê
Lafaete Galvão Creonte
Luiz Linhares Egeu
Maria Alves Maria
Norma Sueli Estela
Oswaldo Loureiro Creonte
Roberto Rônei Boca Pequena
Roverto Bomfim Jasão de Oliveira
Selma Lopes Zaíra
Sonia Oiticica Corina
Músicos: Foguete; Guilherme Dias Gomes; Henrique Autran; Joca Moraes; Luizão Paiva; Vital Farias e Zé Nogueira.

TÍTULO DA OBRA:
Gota D’água
DATA DE ESTREIA:
26 de dezembro de 1975
DURAÇÃO:
180 min.
ATOS:
2
GÊNERO:
Musical
PÚBLICO:
Adulto
LOCAL:
Teatro Tereza Rachel, Copacabana, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
COMPANHIA:
-
AUTORIA:
Eurípides
TEXTO:
Paulo Pontes e Chico Buarque
DIREÇÃO:
Gianni Ratto
DIREÇÃO ARTÍSTICA:
-
DIREÇÃO MUSICAL:
Dory Caymmi
ASSISTENTE DE DIREÇÃO:
-
MÚSICA:
Chico Buarque
COREOGRAFIA:
Luciano Luciani
CENOGRAFIA:
Walter Bacci
FIGURINO:
Walter Bacci
EQUIPE FIGURINO:
-
MAQUIAGEM:
-
ACESSÓRIOS/ADEREÇOS:
-
CAMAREIRA:
-
SOM:
-
ILUMINAÇÃO:
-
CONTRA-REGRA:
-
PRODUÇÃO:
Casa Grande, Max Haus
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO:
-
PRODUÇÃO EXECUTIVA:
-
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO:
-
EQUIPE DE PRODUÇÃO:
-
ADMINISTRAÇÃO:
-
DIVULGAÇÃO:
-
FOTOS:
-
APOIO:
-
PATROCÍNIO:
-

O texto original de Eurípides é uma obra clássica da dramaturga grega e foi criada em 431 a.C.

O livro com o texto do espetáculo “Gota D’água” foi lançado em 18 de dezembro de 1975 pela editora Civilização Brasileira.

O espetáculo “Gota D’água” levou oito meses para ser montado e possuía um investimento de 500 mil cruzeiros. Era formado com 52 artistas, entre eles os atores, corpo de balé e técnicos envolvidos em sua montagem.

O texto de “Gota D’água” era comporto por versos, sobre isso Paulo Pontes disse: “A palavra tem que ser trazida de volta, tem que voltar a ser nossa aliada. Nós escrevemos a peça em versos, intensificando poeticamente um diálogo que podia ser realista, um pouco por que a poesia exprime melhor a densidade de sentimentos que move os personagens, mas que remos revalorizar a palavra. Porque um teatro que ambiciona readquirir sua capacidade de compreender tem que entregar novamente à múltipla eloquência da palavra o centro do fenômeno dramático”.

O programa da peça “Gota D’água” vinha estampada na capa uma primeira página adaptada do jornal “Luta Democrática”, vinha com uma manchete sensacionalista “Assassinou os dois filhos e se matou”. Além da capa, o próprio programa foi impresso em formato tabloide. A ideia foi dos próprios autores e contou com a aprovação de Tenório Cavalcanti, proprietário do jornal “Luta Democrática”.

O Teatro Tereza Raquel possuía 600 lugares para o público, e praticamente em todas as noites de apresentação estava com lotação esgotada. Por causa disso, o teatro costumava ficar muito quente durante as apresentações.

A peça “Gota D’água” foi baseada na adaptação do texto de Eurípides feita pelo dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho para a Rede Globo. O programa foi transmitido em 1973 no programa “Caso especial” com o título de “Medéia” e tinha a atriz Fernanda Montenegro no papel principal.

A adaptação foi uma proposta de Oduvaldo Viana Filho, que fez um esboço e sugeriu a Paulo Fontes, que o ampliasse. Sobre isso Fontes disse em entrevista: “Vianinha chegou a escrever um texto, que nos serviu de ponto de partida (...) ele só parou quando não tinha mais forças mesmo”. Fontes então convidou Chico Buarque para trabalharem juntos,e assim o fizeram por dois meses. Chico Buarque compõe sete músicas para o espetáculo, além de colaborar nos versos que a adaptação pretendia.

O espetáculo “Gota D’água” possui várias músicas de Chico Buarque – “Gota D’água”, “Bem-querer”, “Flor da Idade” e “Um dia”.

Paulo Pontes na época era casado com Bibi Ferreira, e confessou que de certo modo o papel foi idealizado para a esposa. A atriz ficou trancada em um hotel e disse: “no primeiro dia fiquei vendo televisão, sem ânimo (...) nos outros dois, senti que poderia fazer aquilo. Então liguei para mamãe e lhe pedi que fosse ao hotel. Ela acompanhou o texto, como que tomando lição, e então eu percebi que já tinha quase tudo decorado”. Ainda sobre a personagem Joana Bibi Ferreira disse: “Quando li o texto pela primeira vez senti uma certa angustia. Eu não consigo decorar nada antes de viver o papel. E a Joana, francamente, era um desafio que me parecia grande demais. Joana não tem momentos fortes e fracos, só tem momentos fortes. No meio de uma dança eu falo, canto, berro e me zango (...) É a coisa mais difícil que já fiz na minha vida”.

O cenário elaborado por Walter Bacci era enorme, dividido em três planos.

Dois bailarinos do espetáculo “Gota D’água”, Paulo Roberto Barbosa e Romário Teólilo, foram assassinados em um tiroteio no Bairro Jardim América, no Rio de Janeiro. No dia 10 de janeiro de 1976, o ator Oswaldo Loureiro (o Creonte da peça), ao final da apresentação prestou uma homenagem aos artistas e disse “Mais um que foi tragado pela selva do Rio de Janeiro”.

Outra grande perda durante a temporada Carioca de “Gota D’água” foi a de Paulo Pontes. O autor veio a falecer de câncer de estômago com apenas 36 anos de idade em 27 de dezembro de 1976, apenas um dia depois de “Gota D’água” completar um ano em cartaz.

No dia 28 de dezembro de 1976, antes de todos os espetáculos teatrais encenados no Rio de Janeiro, foi lido um texto em homenagem a Paulo Pontes, e o texto dizia:
“Senhoras e senhores, boa noite.
Nós somos artistas de teatro, e ao longo do tempo temos nos acostumado a representar diante de quaisquer condições. Mas hoje é um dia particularmente triste para nós e para todo o teatro brasileiro; porque é o dia que marca o sepultamento de um dos mais expressivos nomes de nossa arte.
Paulo Pontes – que os senhores certamente conhecerão como um dos autores de Gota D’água – era, além de um dramaturgo talentoso, uma das pessoas que melhor pensaram o fenômeno cultural brasileiro. Sua influência se espalhou por todos nós, já que exercia uma liderança natural, graças à sua poderosa inteligência e rara lucidez.
Como autor, moveu-se, com a mesma categoria, da tragédia ao musical, do drama à comédia, do texto de televisão ao sketch de revista – e em todas as atividades, além das de ensaísta e conferencista, expressou sempre a preocupação de colocar o povo brasileiro no centro dos acontecimentos – pois Paulinho amava o teatro e amava o povo, que sonhou livre e no exercício de suas potencialidades.
Lutou pela liberdade de expressão, por uma cultura nacional e popular, pela regulamentação de nossa profissão, e foi incansável em todas essas atividades, onde ocupou, sempre, um lugar de destaque. Também lutou para que os teatros permanecessem sempre abertos, acima de quaisquer pressões ou dificuldades; e por isso não cancelaremos o espetáculo desta noite.
Mas pedimos que esta plateia represente agora todo aquele imenso público que sempre prestigiou os espetáculos pelos quais Paulo espalhou seu talento e que se uma à nossa dor, dedicando conosco um instante de silêncio em homenagem à memória de nosso companheiro”.

Ainda na temporada do Rio de Janeiro, o elenco sofreu algumas modificações. Entraram no elenco os atores Lafaete Galvão (Creonte) e Francismo Milani (Jasão) e a atriz Cidinha Milan (Alma).

A peça “Gota D’água” ficou por quatro meses no teatro Tereza Raquel e continuou a temporada do Rio de Janeiro no Teatro Carlos Gomes, localizado na Praça Tiradentes. Depois de um ano e dois meses em cartaz e mais de 300 apresentações no Rio, a peça encerrou sua temporada no Rio de Janeiro em 18 de fevereiro de 1977. Em Março de 1977 foi encenada em São Paulo no Teatro Aquarius com reformulação no elenco, mantendo apenas Bibi Ferreira e Francisco Milani do elenco carioca.

A lady se agita: as metamorfoses de Bibi Ferreira e do teatro brasileiro na tragédia de “Gota D’água”. Veja, n. 384, 14 jan. 1976. Teatro, p. 56-61.

Artistas mortos comprando Maconha. Luta Democrática, ano 22, n. 6973, 11 e 12 jan. 1976. p. 5.

A volta da Gota D’água: “se o novo público não gostar, a culpa é da peça”. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, ano 86, n. 59, 6 jun. 1976. Caderno B, p. 1.

BUARQUE, Chico. PONTES, Paulo. Gota d'agua. 24. ed. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 1996. 168 p.

CAMPOS, Cidinha. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, ano 45, n. 13948, 24 dez. 1975. Cidinha na Jogada, p. 6.

CAMPOS, Cidinha. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, ano 45, n. 13966, 13 jan. 1976. Cidinha na Jogada, p. 6.

Cidade de Santos, Santos, ano 9, n. 3048, 8 fev. 1976, p. 15

CONFETE, Rubem. Gota D’água: uma tragédia carioca.Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro ano 27, n. 8051, 2 jan. 1976. Música popular, p. 11.

Já é hora do povo ter vez no teatro brasileiro. Luta Democrática, Rio de Janeiro, Ano 23, n. 7025, 28 a 29 mar. 1976.

Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, ano 86, n. 313, 18 fev. 1977. Caderno B + teatro, p. 7.

Jornal do Brasil, ano 87, n. 28, 6 mai. 1977. Caderno B + O que há para ver, p. 8.

MARINHO, Flávio. Gota D’água. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, ano 27, n. 8052, 3 e 4 jan. 1976.Teatro, P. 7.

MICHALSKI, Yan. “Gota D’água” encerra a temporada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, ano 85, n. 257, 21 dez. 1975. Caderno B + Esta Semana + Teatro, p. 8.

MICHALSKI, Yan. “Gota D’água”: emoção resiste ao desgaste. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, ano 86, n. 240, 4 dez. 1976. Teatro + Revisão Crítica, p. 8.

O Adeus a Paulo Pontes. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, ano 86, n. 264, 29 dez.1976. Caderno B, p. 10.

RANGEL, Maria Lucia. Gota D’água: o encontro de Medéia no subúrbio carioca. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, ano 85, n. 261, 26 dez. 1975. Caderno B, p.4.

Tudo pronto. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, ano 85, n. 254. Caderno B + Zózimo, p. 3.

VENTURA, Mary. Paulo Pontes: as coisas sabidas e não conquistadas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, ano 86, n. 263, 28 dez. 1976. Caderno B, p. 1.

ZAHAR, Jorge (Ed.). Dicionário da Tv Globo. P. 421.

Gota D’água in: CDB - Catálogo da Dramaturgia Brasileira. Niterói, RJ: 2024. Disponível em: https://dramaturgiabrasileira.com.br/teatro/gota-dagua/. Acesso em: 7 de janeiro de 2024.

Como citar:

Gota D’água in: CDB - Catálogo da Dramaturgia Brasileira. Niterói, RJ: 2024. Disponível em: https://dramaturgiabrasileira.com.br/teatro/gota-dagua/. Acesso em: 7 de janeiro de 2024.

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